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quarta-feira, 12 de junho de 2013

Consumir Para Existir!

      Mais uma vez mencionarei o filme Na Natureza Selvagem como base para expor meus pensamentos, afinal, nessa cena em particular, o pequeno discurso proferido por Chris MacCandless foi tão compatível com minhas ideias que cheguei a comentar com a pessoa que me indicou o filme que até mesmo parecia ser eu mesmo quem estava falando.  E essa ideia está, também, intimamente ligada a filosofia e a tese  defendida por Thoreau.

     O trecho do filme a que me refiro aparece logo na introdução, e é através dele que é apresentado pela primeira vez um dos motivos que levou Chris a abandonar a vida em sociedade, o excesso material. Na cena ele discute com seus pais que lhe oferecem de presente um carro novo, no entanto ele recusa. Afinal o jovem já tinha um veículo e não precisava trocá-lo por um novo, não precisava de um carro chique, para  ser bem visto aos olhos da sociedade, para que sua família não se envergonhasse dele diante dos vizinhos, o que os outros pensavam ao vê-lo com um carro velho de nada lhe importava.


     Isso levanta a questão chave: Porque comprarmos aquilo que não necessitamos? Os costumes sociais atuais impõem certos critérios para que possamos nos integrar a sociedade, como se somente assim poderíamos ser felizes. Ao meu ver isso é um grande mal, e também disso quero fugir. Não precisamos viver assim.

      A questão não é ter o não ter dinheiro pra gastar, pois esse estilo de vida deixou de ser apenas a atividade de lazer das classes economicamente superiores. O desejo de viver de maneira simples não está vinculado ao saldo bancário, mas sim essência de cada um de nós. A situação atual até parece uma competição para mostrar quem pode consumir mais, independentemente das consequências, muitos até se privam de elementos básicos para investirem em coisas que irão inflar seus egos perante uma sociedade falsamente bem sucedida, que está vivendo numa realidade chamada Sonho Médio (por Dead Fish). Aos poucos estamos substituindo o 'ser' pelo 'ter', e me assusta pensar onde isso vai levar a humanidade, pois a ideologia seguida agora é de que precisamos consumir para existir.

      A cena do filme representa algo muito típico para nós, falarei então sobre automóveis como exemplo. Vivenciamos corriqueiramente as pessoas ao nosso redor trocando seus carros semi-novos por carros novos, mas para que? Nas ruas vemos carros com 10, 15 até 20 anos de uso, rodando perfeitamente, então porque seu veículo com dois anos de uso precisa ser trocado? Ah sim! Seu colega de trabalho também trocou o dele, e o do seu vizinho é o ultimo lançamento do ano. Bem, se isso realmente o deixa feliz vá em frente! Apenas me parece que a vida dessas pessoas se torna tão vazias  ao ponto de que apenas gastando dinheiro, para equiparar-se aos outros, é que podem sentir-se bem. Pensem em todo o resto que compramos sem termos a real necessidade, isso é desperdício, é no mínimo imprudente.


      Porque substituir aquilo que ainda é útil, e assim será por um longo tempo. Além disso me parecer algo fútil demais, é ainda uma fonte de diversos outros problemas, como aumento de frota de veículos incompatíveis os sistemas urbanos atuais, aumento de resíduos, afinal onde estocar os milhares de veículos em desuso, existem também problemas econômicos, modificam-se taxas de juros, impostos, subsídios, entre outros para incentivar o consumo, apenas para gerar uma falsa imagem de bom desenvolvimento econômico,  pois ao meu ver o sistema econômico todo é um jogo em que poucos participam e que se beneficiam ainda menos.


     Se estou certo ou não, não sei dizer! Tudo o que sei é que nunca precisei adotar tais atitudes para ser bem visto em algum lugar, e sei que meus calçados velhos podem me levar ao mesmo destino aonde vão os pés envoltos em calçados novinhos, que provavelmente irão ser usados por poucos meses e serão substituídos por modelos novos sem terem vividos nenhuma aventura! Nem tampouco precisei adquirir um bem material, daqueles cuja utilidade é duvidável, para ser feliz. É como Supertramp diz "São só coisas". Pensem nisso! Do que mesmo precisam para serem felizes?

     Falar sobre consumismo é sempre algo muito polêmico, que alimenta boas discussões, principalmente porque boa parte das pessoas costumam levar tudo ao extremo e se esquecem de manter a ideia num patamar mais realista. É claro que se levarmos em consideração pessoas como Christopher que abriu mão de tudo para aventurar-se na natureza,  isso parecerá  exagerado, embora no meu ponto de vista nem tanto exagerado. Não creio que, tanto Chris como Thoreau, tenham realizado esses feitos almejando que todas as pessoas do mundo seguissem seus passos e fizessem como eles, mas sim para demonstrar-lhes que é possível viver sem os exageros impostos pela civilização moderna.

     O Fugir Para O Mato representa, também, uma questão de mudança comportamental, não apenas a ideia real de ir viver na natureza de forma selvagem, e embora realmente essa vontade esteja presente em meu ser, quero que considerem apenas a filosofia de viver de uma maneira mais simples, desapegar-se do excesso material que tanto tem consumido nossa sociedade e a própria natureza, afinal a nossa felicidade não deve ser apenas sustentada por objetos, posses, coisas, há muito mais que isso na nossa vida. Viva simples, viva livre de apegos materiais, descubra novas fontes de alegria.
       

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