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terça-feira, 30 de julho de 2013

Fugindo Do Tradicional

     Henry construiu uma cabana na floresta para lhe servir de moradia, e fez isso com objetivo de provar que ele conseguiria obter uma casa com todo conforto que necessitava gastando para isso o mínimo possível, e os detalhes dessa construção estão descrito em seu livro 'Walden, ou a vida no bosque'.

Fonte: Ciclo Verde
Está se tornando comum a busca por moradias alternativas, de baixo custo, e com a maior quantidade de elementos sustentáveis possíveis. Muitos estão cansados de se curvarem à esse sistema já consolidado, onde é necessário gastar uma fortuna, ou contrair uma dívida imensa,  para obter uma residência, a qual nem sempre está de acordo com os gostos e as exigências do ego de seus proprietários, sendo necessário reformas constantes. Podemos ainda levar em consideração o fator ecológico, o qual nem sempre é considerado na hora de construir.


     Uma das últimas obras que me chamou a atenção foi a casa semi-sustentável construída pelo ex-assistente de voo Steve Areen na Tailândia, seguindo os princípios básicos de economia de dinheiro e tempo, além dos conceitos da construção ecológica. Assim após 6 semanas e gastando o equivalente a 15 mil reais, Areen obteve sua casa própria, não deve nada a ninguém, e tem a consciência tranquila por morar em uma residência de baixo impacto ambiental.

A estrutura da casa e os materiais utilizados contribuem para que ela tenha um clima agradável em seu interior.        Fonte: Inhabitat
      Sua casinha de aproximados 150m², apelidada de Dome House, foi construída com materiais locais comuns, e apesar de não ser 100% sustentável, ela é sem dúvida um grande exemplo de que algumas ideias alternativas podem ser bem sucedidas, servindo de inspiração para a construção de novas moradias desse mesmo patamar, e cada vez mais focando na construção sustentável.

As aberturas no teto são elementos da construção ecológica pois permitem uma melhor iluminação diurna evitando o consumo desnecessário de eletricidade. Fonte: Inhabitat
 
Fonte: Ciclo Vivo
   Steve foi o próprio construtor do seu lar, tendo apenas outros dois ajudantes, e as imagens de várias etapas da construção estão disponíveis em seu site Dome Home, onde é possível analisar melhor algumas das estruturas. Ele contou ainda com a sorte de construir em lugar onde a legislação não exigia licenças para esse tipo de construção, acelerando assim a sua obra.





     Alguns elementos e estruturas construídas, tanto no interior como no exterior, possuem a verdadeira essência de obras de artes, porém sem custar ao proprietário os olhos da cara.


Fonte: Inhabitat
Fonte: Inhabitat
    Não se tratam de pessoas miseráveis, também não são pessoas que querem apenas economizar dinheiro, o que encontramos aqui são pessoas que percebem como as coisas podem ser modificadas, que não precisamos seguir esse sistema que vem gerando mais problemas do que comodidade, como esperava-se obter com o progresso. 

       Estamos chegando em um ponto de reversão, onde o mais simples está proporcionando uma melhor qualidade de vida para as pessoas, e nesse momento precisamos de exemplos como este, precisamos ser criativos, inovar, buscando cada vez mais o equilíbrio com meio ambiente.

quarta-feira, 24 de julho de 2013

Isolamento

    No filme 'Na Natureza Selvagem', Alexander Supertramp aventura-se no Alasca buscando isolar-se da sociedade, assim como fez, Henry David Thoreau ao instalar-se na floresta às margens do Lago Walden.

Tracy e Alex - Cena extraída do filme Na Natureza Selvagem.
     O desentendimento que Alex tinha com seus pais é apresentado como um dos motivos que o levaram a tomar essa ousada atitude, isso e a ideologia que ele havia desenvolvido sobre a vida em sociedade. Em um dos capítulos do livro 'Na Natureza Selvagem', é feita uma explanação mais acentuada acerca dessa necessidade de isolamento. A maioria das pessoas provavelmente atribua - antes de conhecer a fundo a história - sua "fuga" a alguma decepção que sofrera em sua vida, sem deixar de lado o mais comum de se pensar, que tenha sido motivado por algum relacionamento frustrado, porém isso jamais convenceu as pessoas que o conheceram, e que viveram algum tempo ao seu lado, por mais curto que tenha sido esse contato. 

      Tinha ele a sua própria percepção sobre os relacionamentos, seja entre um casal ou entre o indivíduo e a sociedade, de forma que alguns dos amigos, os quais conhecera durante a sua aventura, afirmaram que Alex mencionou que gostaria de se casar e ter filho, essas coisas todas "normais" digamos, algum dia, isso só depois que regressasse do norte. Disseram que era um rapaz com uma boa virtude.

      Como havia comentado em um post anterior, penso que essas situações, como as decepções, não possam ser o fator fundamental para estimular a fuga e o isolamento, mas sim um fator que amplia essa vontade. Muitas pessoas como Alex, Henry, Timothy, eu mesmo, e muitas outras pessoas que conheço não conseguem ver o mundo simplesmente como ele é; aceitar que as coisas são como são, e que não se pode mudar, não achamos correto o andar dessa carruagem da civilização, e assim buscamos entender a vida mais profundamente, e passamos, também, a buscar alternativas para a promover alguma mudança. Não é fácil conviver como qualquer pessoa quando se tem esse tipo de visão.

  Deixando de lado as atitudes extremistas, é fácil perceber que o isolamento é amplamente utilizado pelas pessoas que estão com algum problema e precisam 'parar pra pensar', e o fazemos sem perceber, espontaneamente, naturalmente. Quem nunca fez isso? Deixar aquela discussão para o outro dia; afastar-se de alguém que está irritado com você no momento; fazer aquela caminhada sozinho; dar um tempo de tudo.....vale até aquela expressão divertida 'Dorme que passa!'. Todas essas são formas de isolar-se, as vezes fisicamente, as vezes apenas mentalmente, pois o nosso cérebro complexo pode sofrer algum bug a qualquer momento e é então que precisamos nos isolar para destravar, recompor-se, organizar nossa mente.
       
      Certamente Supertramp queria mais que isolar-se do mundo todo, ele estava em busca de conhecimento, entender como a vida funciona e, para isso, nada melhor do que sair e viver a vida de uma maneira que seja possível perceber a realidade de tudo, sem as maquiagens implantadas pela sociedade.
      

sexta-feira, 19 de julho de 2013

Utopia

     Acredito que todos nós já idealizamos em nossas mentes uma sociedade perfeita, já pensamos no que poderia ser feito para mudar a nossa forma organizacional, para que pudéssemos viver de uma maneira melhor, mais harmônica e mais justa.

    Thomas Moore (Thomas Morus), um Chanceler da Inglaterra decapitado em 1535,  descreveu em seu livro, escrito em latim por volta de 1516 e intitulado Utopia, o seu conceito de como seria uma sociedade perfeita. Essa obra tem tamanha importância que hoje o termo 'Utopia' é utilizado para designar o conceito de sociedade perfeita, de situações em que tudo ocorre da maneira mais perfeita e equilibradamente possível, onde todos encontram-se em felicidade e harmonia.

  Nesta excelente obra, cheia de conceitos interessantíssimos, é possível perceber que existem alguns elementos fundamentais para que possamos mudar a forma de nos organizarmos em sociedade, e viver de uma maneira realmente satisfatória, para todos. Com algumas regras simples, e a colaboração, mas principalmente a compreensão, de todos, os utopianos são capazes de compor uma sociedade que pode ser considerada ideal para todos.

      Lendo este livro comecei a refletir sobre como é difícil constituir algo que seja realmente bom para todos, que agrade a todos, já que, nem eu, mesmo tendo adorado a ideia geral, não consigo concordar com alguns termos, que me parecem um tanto quanto inapropriados. É lógico, isso foi só uma projeção ideológica, mas com ela é possível ter uma noção da complexidade de se construir uma sociedade, mesmo estando em um grupo com ideais similares, talvez por isso alguns de nós alimentamos a ideia de viver isoladamente, evitando os conflitos sociais.

    Dentre os conceitos que se enquadram à minha ideologia, está o desapego e consumismo dos bens supérfluos. A simples teoria de como poderia ser melhor empregado o tempo gasto para produção de itens que não tem, de fato, uma utilidade, e com isso não seria necessário trabalhar tanto, pois não precisariam ganhar dinheiro extra para acumular tais itens inúteis, tal qual costuma-se fazer na nossa sociedade atual, já é suficiente para exemplificar onde estamos errando. E esse desapego traz ainda outra vantagem, torna impossível a cobiça, um dos grandes males da civilização, o estopim que provoca a explosão de uma série de outros problemas.

      O que fica muito claro é que, para podermos tornar um lugar agradável, precisamos do envolvimento de todo coletivo, é necessário que todos estejam comprometidos com a causa, clichê eu sei, mas fator indiscutível. Por tudo isso volto a convocar os audaciosos e descontentes a manifestarem-se, vamos expor nossas ideias, precisamos divulgar os exemplos que a humanidade deve seguir para atingir a harmonia global. 

      


quinta-feira, 11 de julho de 2013

Nos faz querer fugir...



 "Bem, ele amaldiçoou todas as estradas e os homens do petróleo
E ele amaldiçoou o automóvel
Disse isso não é lugar para um homem como eu sou, neste novo mundo de asfalto e aço
Então ele ficaria fora, em algum lugar à distância de algo que só ele podia ver
Ele dizia tudo o que resta agora dos velhos tempos
Esses malditos coiotes velhos e eu..."

     Esse é um trecho da música Coyotes de Don Edwards, a trilha sonora de encerramento do filme Grizzly Man, e conta a história de um cowboy que estava muito descontente ao ver como o mundo ao seu redor havia se transformado, a "evolução" e o "progresso" acabaram com a magia e a beleza das paisagens que ele outrora conhecia e admirava.

     Posso afirmar que compartilho desse sentimento com ele, e que me assusto ao ver o mundo em que estou e a direção em que está indo. As pessoas mudaram suas atitudes, e na maioria dos casos mudaram para pior, egoísmo, desrespeito, consumismo, violência enfim, querem a autodestruição?! As vezes chego a pensar que tudo está realmente perdido, mas acredito que as coisas podem mudar..."I believe in a better world for me and you" (Ramones). Não penso em desistir, ainda!

     Fico feliz quando conheço pessoas que conseguem compreender o meu ponto de vista, e que por mais que não pensem assim, respeitam, talvez até porque achem isso certo, mas não conseguem mudar, e assim continuam seguindo a correnteza, porém sem tentar me levar de arrasto (Ufaa). Prefiro seguir assim, remando contra a correnteza dessa moderna evolução descontrolada, procurando evoluir de uma outra maneira, na qual possa ficar em paz.
      
      Não sou um antissocial, pelo contrário...."Me sociabilizo até muito bem, mas sempre que posso evito" (Matanza)...Gosto de conversar com as pessoas, de debater opiniões divergentes, mas gosto de fazer isso com pessoas que argumentem de fato, e não com as que me dizem simplesmente "não ta certo, porque as coisas são assim e não vão mudar..", bem lamento informar que pra esses seres nada vai mudar mesmo, e se isso acontecer eles nem irão perceber. Me admiram as pessoas que estão tentando mudar.

     É fato que a sociedade e a civilização não podem ser mudadas de uma hora pra outra, salvo em caso de uma catástrofe mundial repentina, após a qual nada existiria, mas isso pode não acontecer de forma inesperada. Mas pior que saber que estamos entrando em declínio gradualmente, é saber que os humanos estão se acostumando a isso, e simplesmente, a grande maioria, ignora esse fato trágico, como se aceitassem um destino infeliz, e inclusive, lamentavelmente, um presente infeliz e inapropriado.

      Me questiono se realmente fugir é a escolha certa a fazer, pois penso que seria negligente abandonar a humanidade nos trilhos desse trem desgovernado que é o "progresso". Imagino que essa ideologia deva ser compartilhada, que devemos tentar ajudar as pessoas abrirem seus olhos e suas mentes, sem forçar a mudança, pois tudo que for imposto será rejeitado. 

       É fundamental que as pessoas mudem suas atitudes espontaneamente, seguindo bons exemplos, e é por isso que ainda estou na civilização, escrevendo um Blog, usufruindo dos benefícios da evolução moderna à favor de uma ideologia que melhore a qualidade de vida da humanidade, que transforme o mundo, independente do alcance que minhas palavras possam ter.

    

quinta-feira, 4 de julho de 2013

Convivendo Com O Selvagem

      Essa é uma história interessante sobre como viver no mato pode ser perigoso, mas acima de tudo é um belo exemplo para quem gosta, assim como eu, de preservar a natureza, e sabe que cada ser vivo tem seus limites e que devem ser respeitados, assim como a importância de se manter alguns lugares intocados, seguindo naturalmente seu próprio ciclo em seu próprio ritmo.

     O filme documentário Grizzly Man retrata a vida do ambientalista Timothy Treadwell (Timmy), que tinha uma admiração especial por ursos-pardos, chegando ao extremo de ir viver entre eles, ainda que apenas durante os verões. Durante 13 anos ele deslocou-se até o Parque Nacional Katmai no Alasca, e por lá se instalava entre os ursos-pardos e os acompanhava bem de perto durante todo o verão. Timothy sempre teve plena consciência do perigo ao qual estava exposto, e sabia muito bem que na maior parte do tempo tinha apenas que observar quieto, sem perturbar nada no ambiente, porém, em boa parte do tempo, ele se comportava como um verdadeiro urso, rugia, movimentava-se, e interagia como eles.

     Treadwell fez tudo isso por um nobre motivo, a preservação dos ursos-pardos e de seus habitats naturais, e com isso pretendia educar, transmitir o conhecimento, queria mostrar para o mundo como os animais vivem em seu habitat natural, mostrar a verdadeira beleza da natureza selvagem. Com suas palestras ministradas nas escolas da região conseguia cativar as crianças, que adoravam ver os animais nas filmagens de Timmy. Juntamente com Jewel Palovak, fundou a Fundação Grizzly People, cuja finalidade é proteger os habitats de ursos-pardos. É interessante comentar que ele nunca cobrava nada para fazer suas apresentações.
 
A última foto de Treadwell e Amie desembarcando para o seu último verão.
     Ele estava muito otimista e feliz por ter conseguido permanecer durante tanto tempo, tão perto de um dos animais mais perigosos do mundo, que acreditava que ninguém mais poderia sobreviver ali, a não ser ele. Isso foi um erro. O seu 13º verão junto aos ursos tornaria-se o seu último verão, e dessa vez ele tinha a companhia de Amie Huguenard, que já havia estado lá com ele no verão anterior. Infelizmente, a natureza selvagem dos ursos traria um fim trágico ao homem que dedicou sua vida para protege-lo dos outros seres humanos.

      A atitude de Timmy recebia as mais variadas críticas, desde incentivos até o desprezo total, muitos o achavam maluco, outros pensavam que ele queria aparecer, que queria apenas lucrar com tudo isto, algo que jamais aconteceu. Ao meu ver, o que ele fez foi um ato bastante destemido e de grande valia, um exemplo.
     
       No documentário alguns conhecidos de Timmy, expõe suas opiniões sobre o que o motivou a fazer algo tão arriscado, mas independente disto, acredito que também há o fator de instinto, do desejo, que muitas vezes mantemos aprisionados, e as vezes é necessário que aconteça algo que nos faça despertar, e a partir daí é que começamos a agir como sempre gostaríamos de ter feito. Penso que com Treadwell não tenha sido diferente, além do mais, quando se faz algo com um propósito nobre como esse, os motivos não podem ser os mais insanos, e ainda assim serão válidos.

      Concordo, em parte, com o que diz o PhD Sven Haakanson neste documentário, tenho um grande apreço e admiração pelos animais também, e gosto de velos em seus habitats naturais, e é realmente um erro tentar conviver de maneira tão intima com animais selvagens, isso os colocará em perigo, eles não devem acostumar-se com os humanos por perto, pois nem todos serão amigos deles. É importante para o bem estar natural que homens e animais selvagens temam-se mutuamente, é preciso estabelecer os limites de convivência. Essa história é a prova real de que a natureza não pode ser controlado pelos humanos, e enquanto a respeitarmos poderemos viver bem junto a ela.

      Nas filmagens feitas apenas durante os cinco últimos verões, Timmy conseguiu captar cenas incríveis, desde a colossal disputa por liderança entre os poderosos ursos-pardos machos até a suas brincadeiras com as graciosas e divertidas raposas vermelhas, suas fieis amigas de acampamento. Um filme realmente incrível, que também nos faz refletir um pouco mais sobre a vida.


"O argumento de o quão errado ou o quão certo ele estava desaparece ao fundo numa névoa. O que resta são estas filmagens, e enquanto nós assistimos os animais nas suas alegrias do cotidiano, à sua graça, à sua agressividade, um pensamento torna-se cada vez mais claro. Que não é tanto para a natureza selvagem mas, sim, é um olhar par nós mesmo, à nossa natureza, e que, para mim, através da sua missão, dá significado à sua vida e à sua morte."