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quinta-feira, 28 de novembro de 2013

Experiências

      Conhecer novos lugares, outras pessoas, e outras culturas é sem dúvida uma experiência incrível que amplia nossos conhecimentos e melhora a nossa percepção sobre a vida.

     No último feriado prolongado tive a oportunidade de viver uma nova experiência, certamente satisfatória. Um acampamento de três dias na Ilha do Mel. Uma atividade realizada com muito mais vontade do que dinheiro, sem luxo, mas com muita alegria e paz, afinal, desfrutar a natureza com os amigos é algo que não pode ser avaliado monetariamente.
           
      Viver de uma maneira diferente da habitual, ainda que por pouco tempo, nos faz evoluir, possibilita fazermos uma reavaliação sobre a nossa vida, nossos costumes, hábitos, valores. A experiência de passar alguns dias longe da cidade, praticamente sem comunicação com o restante do mundo, sem ouvir ou ler qualquer a notícia em qualquer que seja o meio de comunicação, permite perceber o quanto sobrecarregamos nossas mentes com coisas que pouco prazer nos proporcionam, e que ao contrário, nos deprime e nos estressa. Percebemos que, muitas vezes, temos tantas coisas que, na realidade, são dispensáveis, coisas de que nos tornamos dependentes sem perceber que de nada dependemos delas. Enfim, para percebermos que podemos ser muito mais livres se realmente quisermos.

      É interessante observar como as pessoas se comportam e reagem nessas situações, completamente diversas do que são acostumadas a viver em seu dia a dia. Algumas simplesmente ficam a vontade com isso, e até mais felizes, foi assim que me senti na ilha. Por outro lado, existem aqueles que apresentam grandes dificuldades em desapegar dos "confortos" da civilização urbana, é visível a necessidade de algumas pessoas em usufruir de algumas tecnologias, mesmo não sendo elas necessárias. Imagine trocar as ondas do mar para navegar na internet. Fixar os olhos em uma tela de TV ao invés de fixá-los nas paisagens naturais. Ouvir o som de buzinas e sirenes ao invés do som do mar e dos pássaros.

     Há tanto para vermos neste mundo, tantos locais para explorar, tantas pessoas para conhecer, tantas histórias para viver, e no entanto, a maioria de nós não consegue se desprender. A comodidade, a insegurança, e a visão fechada  nos impede de viver aventuras. É claro que nem sempre conseguiremos fazer tudo o que planejamos, não há garantia de que a experiência será satisfatória ou não, mas certamente aprenderemos algo novo em cada passo que dermos.

     Viver é isso, ter experiências, aprender, descobrir, e assim evoluirmos. Apenas precisamos aprender a desfrutar cada uma de nossas experiências, e extrair o máximo possível delas, não basta simplesmente viver uma situação, é necessário absorver o conhecimento que ela nos proporciona.

      

sábado, 2 de novembro de 2013

Não se estresse

Foto: Joeci R. Godoi


Não se estresse, nada há a fazer ou desfazer

Livre e Natural: Uma Canção Espontânea
Pelo venerável Lama Gendun Rinpoche

A felicidade não pode ser encontrada
através do grande esforço, nem de força de vontade,
mas já está presente quando se relaxa e se solta tudo.
Não se estresse,
nada há a fazer ou desfazer.

Aquilo que surge momentaneamente no corpo-mente 
não tem importância verdadeira, 
e tem pouca realidade.

Por que se identificar e se apegar a isto, 
julgando-o e a nós mesmos?
É muito melhor simplesmente
deixar que todo o jogo aconteça por si mesmo,
levantando-se e caindo de volta como as ondas…
sem mudar ou manipular nada…
e perceber como tudo desaparece
e reaparece, magicamente, repetidamente,
infindavelmente.

É apenas a nossa busca pela felicidade
nos impede de enxerga-la.
Parece um arco-íris brilhante que perseguimos sem nunca alcançar,
ou como um cachorro correndo atrás da própria cauda.

Apesar de a paz e a felicidade não existirem
como coisas ou lugares reais,
elas estão sempre acessíveis
e nos acompanham a cada instante.
Não acredite na realidade
elas são como o clima efêmero de um dia,
ou como um arco-íris no céu.

Desejando segurar o que é impossível de ser seguro,
você se exaure em vão.
Logo que você relaxa o punho cerrado da avidez,
aparece um espaço infinito — aberto, convidativo e confortável.
Faça uso deste espaço, desta liberdade, deste conforto natural.
Não procure mais longe.
Não entre em uma floresta fechada
procurando pelo grande elefante desperto.
Ele já está descansando, silenciosamente, em casa,
em frente à sua lareira.

Nada a fazer ou desfazer,
nada a forçar,
nada a desejar
e nada faltando —
Emaho! Maravilhoso!
Tudo acontece por si mesmo.

 Traduzido por Dakpo Kagyu Ling, em Dordonha, França -
Texto extraído do livro ” O despertar do Buda Interior” de Lama Surya Das