Translate

quinta-feira, 4 de julho de 2013

Convivendo Com O Selvagem

      Essa é uma história interessante sobre como viver no mato pode ser perigoso, mas acima de tudo é um belo exemplo para quem gosta, assim como eu, de preservar a natureza, e sabe que cada ser vivo tem seus limites e que devem ser respeitados, assim como a importância de se manter alguns lugares intocados, seguindo naturalmente seu próprio ciclo em seu próprio ritmo.

     O filme documentário Grizzly Man retrata a vida do ambientalista Timothy Treadwell (Timmy), que tinha uma admiração especial por ursos-pardos, chegando ao extremo de ir viver entre eles, ainda que apenas durante os verões. Durante 13 anos ele deslocou-se até o Parque Nacional Katmai no Alasca, e por lá se instalava entre os ursos-pardos e os acompanhava bem de perto durante todo o verão. Timothy sempre teve plena consciência do perigo ao qual estava exposto, e sabia muito bem que na maior parte do tempo tinha apenas que observar quieto, sem perturbar nada no ambiente, porém, em boa parte do tempo, ele se comportava como um verdadeiro urso, rugia, movimentava-se, e interagia como eles.

     Treadwell fez tudo isso por um nobre motivo, a preservação dos ursos-pardos e de seus habitats naturais, e com isso pretendia educar, transmitir o conhecimento, queria mostrar para o mundo como os animais vivem em seu habitat natural, mostrar a verdadeira beleza da natureza selvagem. Com suas palestras ministradas nas escolas da região conseguia cativar as crianças, que adoravam ver os animais nas filmagens de Timmy. Juntamente com Jewel Palovak, fundou a Fundação Grizzly People, cuja finalidade é proteger os habitats de ursos-pardos. É interessante comentar que ele nunca cobrava nada para fazer suas apresentações.
 
A última foto de Treadwell e Amie desembarcando para o seu último verão.
     Ele estava muito otimista e feliz por ter conseguido permanecer durante tanto tempo, tão perto de um dos animais mais perigosos do mundo, que acreditava que ninguém mais poderia sobreviver ali, a não ser ele. Isso foi um erro. O seu 13º verão junto aos ursos tornaria-se o seu último verão, e dessa vez ele tinha a companhia de Amie Huguenard, que já havia estado lá com ele no verão anterior. Infelizmente, a natureza selvagem dos ursos traria um fim trágico ao homem que dedicou sua vida para protege-lo dos outros seres humanos.

      A atitude de Timmy recebia as mais variadas críticas, desde incentivos até o desprezo total, muitos o achavam maluco, outros pensavam que ele queria aparecer, que queria apenas lucrar com tudo isto, algo que jamais aconteceu. Ao meu ver, o que ele fez foi um ato bastante destemido e de grande valia, um exemplo.
     
       No documentário alguns conhecidos de Timmy, expõe suas opiniões sobre o que o motivou a fazer algo tão arriscado, mas independente disto, acredito que também há o fator de instinto, do desejo, que muitas vezes mantemos aprisionados, e as vezes é necessário que aconteça algo que nos faça despertar, e a partir daí é que começamos a agir como sempre gostaríamos de ter feito. Penso que com Treadwell não tenha sido diferente, além do mais, quando se faz algo com um propósito nobre como esse, os motivos não podem ser os mais insanos, e ainda assim serão válidos.

      Concordo, em parte, com o que diz o PhD Sven Haakanson neste documentário, tenho um grande apreço e admiração pelos animais também, e gosto de velos em seus habitats naturais, e é realmente um erro tentar conviver de maneira tão intima com animais selvagens, isso os colocará em perigo, eles não devem acostumar-se com os humanos por perto, pois nem todos serão amigos deles. É importante para o bem estar natural que homens e animais selvagens temam-se mutuamente, é preciso estabelecer os limites de convivência. Essa história é a prova real de que a natureza não pode ser controlado pelos humanos, e enquanto a respeitarmos poderemos viver bem junto a ela.

      Nas filmagens feitas apenas durante os cinco últimos verões, Timmy conseguiu captar cenas incríveis, desde a colossal disputa por liderança entre os poderosos ursos-pardos machos até a suas brincadeiras com as graciosas e divertidas raposas vermelhas, suas fieis amigas de acampamento. Um filme realmente incrível, que também nos faz refletir um pouco mais sobre a vida.


"O argumento de o quão errado ou o quão certo ele estava desaparece ao fundo numa névoa. O que resta são estas filmagens, e enquanto nós assistimos os animais nas suas alegrias do cotidiano, à sua graça, à sua agressividade, um pensamento torna-se cada vez mais claro. Que não é tanto para a natureza selvagem mas, sim, é um olhar par nós mesmo, à nossa natureza, e que, para mim, através da sua missão, dá significado à sua vida e à sua morte."

2 comentários:

  1. Lendo sobre esse documentário, me lembrei de uma reportagem sobre um homem que se dispôs a viver entre lobos - se eu não tiver me enganado - durante um certo tempo e até aprendeu a se comunicar com eles. Não sei se teria coragem de fazer tal proeza.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Oi Jac!
      Acho que sei de qual cara você está falando. Assim como neste caso, depois de um certo tempo de convivência é possível compreender alguns sinais e se comunicar, mas é realmente muito arriscado, os instintos sempre prevalecem. Quero ir por mato, mas não viver 'intimamente' com as feras hehe!

      Excluir